José Alves saiu de casa no sábado, véspera de Páscoa. Feliz por ter conseguido guardar um dinheirinho para comprar o tão sonhado ovo de páscoa para seu filho de 4 anos. Aquele ovo de marca, mesmo sendo de 100 gramas, ele estava todo feliz por, naquele ano ter a possibilidade de comprar o gostoso e enfeitado ovo de chocolate.
Sidnélson Aparecido estava em uma esquina aguardando uma vítima para assaltar. Municiado de um 38 com 6 projéteis, ele espreitava todos que por ali passavam. Ao ver José, não teve dúvidas, será este o cara da vez. Com esta cara de tonto, todo sorridente, este será o meu fiador para tomar umas cervejas e comprar uma pedra de crack.
Sem pensar muito puxou o três oitão e apontou para José, que levou o susto natural de se ver na mira de uma arma de fogo. Sidnélson então puxou o gatilho, uma, duas, cinco, seis vezes. Descarregou a arma.Dois tiros acertaram em cheio a cabeça de José. Outros dois acertaram o peito.
O filho de 4 anos de José nunca mais viu o pai. Não ganhou o tão sonhado ovo de páscoa do pai que tanto o amava. Nem este ano, já com 5 anos ele ganhará o presente de páscoa, pois sua mãe trabalha duro para dar sustento aos dois ganhando menos de um salário mínimo.
Neste ano, Sidnélson, teve sua saidinha temporada aprovada e vai sair para o indulto de Páscoa. Ele nem quer saber de ver a mãe, dona Alzira. Ele não liga para Páscoa, Natal, Ano Novo e outras datas a que tem direito de usufruir. Com seus mais de 900 reais, ele vai tomar sua cerveja e comprar umas pedrinhas de drogas e mais tarde fará outra vítima para saciar sua vontade de matar.
Anderson Teixeira