Vocês podem até me chamar de dinossauro, dizer que sou
ultrapassado, mas este outro assunto sobre o passado e é mais uma das minhas
indagações sobre o tempo atual de nosso país. Desta vez quero falar sobre a
educação no passado e nos dias atuais. Da qualidade de antes até chegar ao
péssimo padrão de ensino no Brasil, que não forma mais o caráter e a
personalidade de uma pessoa, mas ajuda a piorar a condição social dos que já
são excluídos e com eles uma grande parte de cidadãos que poderiam ter uma
condição melhor de vida, se tivessem um padrão melhor de ensino. Abordar também a falta de respeito de algumas instituições de ensino particular.
Cursei o SENAI da minha cidade de 1987 a 1989. O padrão de
ensino da instituição era considerado alto, com professores altamente
capacitados. Nós éramos em maioria da classe pobre e poderíamos ser considerados
como incapazes de adquirir algum conhecimento naquele padrão, mas naquele tempo
estudávamos em escolas públicas, onde dividíamos a sala com crianças ricas e
pobres. As escolas públicas ensinavam entre outras matérias conhecidas de hoje,
matérias como Educação Moral e Cívica. Aprendíamos noções comportamentais e de
convívio social. Eram tampos do tão temido governo militar, que não
influenciava na vida das pessoas de bem, que tinham segurança e tratamento
muito melhor do que o de hoje em nosso atual governo.
Quando entrei no SENAI tinha 14 anos e já estava cursando o
Colegial, hoje chamado de ensino médio. Não tinha tempo para estudar para as
provas na escola onde eu começara a cursar um curso técnico, pois estudava no
SENAI durante o dia e durante a noite estava na escola pública cursando o
Colegial. Fazia tantos as provas do SENAI, como as do Colegial, somente com as
explicações e execuções dos exercícios dadas em salas de aulas do SENAI.
Os professores sabiam passar as matérias. Passavam-nos os
exercícios de matemática ensinando os conceitos e as formas de como executar. Não eram
exercícios fáceis, mas conseguíamos entender pela qualidade com que os professores passavam as matérias. E na prova caia a matéria
ensinada, não um exercício complexo que não fora ensinado durante o termo, pois
o mesmo exercício complexo já havia sido ensinado durante o período de aula,
sem reservar surpresas desagradáveis no final.
Por não ter como fazer faculdade na época, tive que adiar
durante anos, até me interessar por um curso, quase quinze anos depois de me
formar no Colegial. Na faculdade me deparei com algumas dificuldades. A primeira
foi a forma com que fazíamos as provas, um aglomerado de matérias que foram
ensinadas desde o começo do semestre, talvez para quem seja estudante hoje,
isto seja normal.
Outra dificuldade foi encontrar professores que não tinham
capacidade de fazer o aluno entender a matéria. Exercícios simples eram
ensinados, mas no dia da prova, lá estava aquele exercício que dava nó no
cérebro, o mais complexo possível, que parecia que o professor queria passar a
impressão de quão era inteligente em colocar tanta dificuldade para o aluno.
Antigamente
as escolas que tinham alto índice de reprovação era motivo de vergonha para
professores, diretores e até alunos, hoje um aluno passa com média seis e
algumas faculdades se orgulho pela quantidade de alunos reprovados ou em dependência
de alguma matéria, talvez para dar impressão de como é difícil este ou aquele
curso, uma moral a mais para a faculdade. Para que nunca precisou recorrer à famosa "cola", agora precisa usar este subterfúgio algumas vezes para garantir alcançar uma nota razoável.
E não adianta bater de frente, estas instituições são
compostas de gente soberba, que ainda fala que aluno não tem vez, como ouvi de
uma coordenadora de um curso que fiz. Esquecendo que hoje, não somos apenas
alunos, somos consumidores, onde o curso é um produto caro e pagamos por ele,
por isto temos que ter retorno e receber respeito dos nossos fornecedores.
O Governo de hoje se orgulha pelos números de crianças que
passam nas escolas públicas, mesmo que estas não tenham sido ensinadas
adequadamente. Há bons professores, mas o sistema mina e faz com que os bons profissionais deixem de lutar, por serem esmagados pelos métodos e os maus profissionais que
se encontram na mesma instituição.
Passei por duas faculdades e encontrei os mesmos defeitos
nas duas, professores incapacitados, pessoas soberbas que deveriam dar suporte
ao aluno, mas que se orgulham em deixar desamparado aquele que paga um valor
alto, em dinheiro e em tempo.
Anderson Teixeira